Nunca gostei de filmes de super-heróis. Jamais fui adepto à Marvel, DC Comics, entre outros tantos. Mas, quando saí do cinema, depois de ter assistido ao Coringa de Todd Phillips, fiquei em estado de choque. Não pela violência, mas sim, pela mensagem que a película passa.

Longe de revelar spoillers do filme, quem espera um tom cômico, tão frequente no personagem dos filmes do Batman, vai ficar desapontado.

O Coringa, de fato, só surge no final. A narrativa, ao longo da obra, constrói o sociopata.

É certo que Arthur, nome original do protagonista, é portador de psicopatia grave. No entanto, a sociedade de Gotham City (e aqui leia-se: a nossa) é também muito responsável pela arquitetura deformada do Coringa. Quem nunca sofreu bullying ou assédio e teve vontade de se vingar? Mas, e o que leva a vingança? Ao caos.

O filme é tão envolvente, e o personagem tão carismático, que a vida real vem imitando a arte. Prova disso é que manifestantes no Líbano transformaram o Coringa num símbolo de protesto e estão pintando suas caras. A escadaria onde Coringa dança se tornou uma atração turística no bairro do Bronx, em Nova York.

A atuação de Joaquin Phoenix é simplesmente arrebatadora. E a direção é uma aula de cinema. O filme já é uma das maiores bilheterias da história do cinema.

Sou jornalista, mas não sou crítico. Minha coluna aqui fala mais sobre espiritualidade. Mas, não poderia me furtar de registrar a magnitude deste filme e dar um alerta aos que forem assistir: apesar de ser bem real, tudo aquilo é ficção.

Muitos já estão elevando Coringa em um posto de herói, quando, na verdade, ele é antítese do herói. Ele sim é um protesto contra a falta de respeito às diferenças e de como as pessoas julgam o tempo todo quem é desigual a elas e foge de um padrão convencional.
Quando eu li que a obra é um tapa na cara da sociedade, eu assenti. Entretanto, estamos aqui encarnados nesta escola da vida para saber lidar com as dificuldades e passar de ano, ou vamos ser repetentes pelo restante das nossas existências.

Não dá pra dar tiro na cara das pessoas que nos assediam ou nos prejudicam, mas é possível protestar contra todo este sistema. Este é o papel da arte.

Respeito às diversidades de pensamento e postura, além de doses cavalares de amor, compaixão e tolerância, é isso que o mundo precisa para que não se construa mais Coringas pelo mundo e estes entrem metralhando escolas, igrejas, mesquitas, sinagogas, terreiros...

A conclusão: deixem as pessoas serem o que são, o que importa é o que está dentro delas.

A mensagem explícita do anti-herói Coringa

Em Colunistas
01/11/2019 04:39:10
Por Mauricio Santini
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coluna dia 01/11/2019

Longe de revelar spoillers do filme, quem espera um tom cômico, tão frequente no personagem dos filmes do Batman, vai ficar desapontado.

O Coringa, de fato, só surge no final. A narrativa, ao longo da obra, constrói o sociopata.

A atuação de Joaquin Phoenix é simplesmente arrebatadora. E a direção é uma aula de cinema. O filme já é uma das maiores bilheterias da história do cinema.

Não dá pra dar tiro na cara das pessoas que nos assediam ou nos prejudicam, mas é possível protestar contra todo este sistema. Este é o papel da arte.

A conclusão: deixem as pessoas serem o que são, o que importa é o que está dentro delas.